Simon The Sorcerer 3D ( Retroanálise)

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A transição para o 3D foi algo realmente complicado para os Adventures…..não bastasse a completa mudança na estrutura de desenvolvimento, pesavam ainda, as tendências da época…enquanto jogos de plataforma e shooters utilizavam tal evolução à seu favor, dominando o mercado de games, os Adventures entravam em sua fase mais complicada, onde o mercado destes já não era tão grandioso.

Enquanto franquias como Monkey Island, Indiana Jones e Broken Sword não sofreram tanto com a transição para a geração 3D, outras como King’s Quest e Simon The Sorcerer apresentaram um ciclo de desenvolvimento complicado (e resultados questionáveis).

E é justamente na série “Simon The Sorcerer” que reside uma das transições mais controversas na história dos Adventures.

Com o lançamento do primeiro título em 1993, e da continuação em 1995, a desenvolvedora inglesa Adventure Soft conseguiu estabelecer uma das mais notórias séries de Adventures, apresentando belos gráficos, trilha sonora envolvente e diálogos cheios de humor e inspiração na cultura nerd.

Em 1998 foram lançados spin-offs para a série, Simon the Sorcerer Puzzle Pack (uma coletânea de mini games) e Simon the Sorcerer Pinball, porém, os fãs que aguardavam pelo terceiro título da série ainda teriam que aguardar por mais 4 anos para que este finalmente fosse lançado.

Após o fracasso comercial de “The Feeble Files”, lançado em 1997 pela Adventure Soft, os fundadores (e desenvolvedores) Mike Woodroffe e Simon Woodroffe estabeleceram em 1998 o estúdio “Headfirst Productions” buscando o desenvolvimento de games em 3D e novas parcerias comercias (que incluiu o lançamento em 2005, do shooter “Call of Cthulhu: Dark Corners of the Earth“, publicado pela Bethesda Softworks).

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Desta forma, o terceiro título da série, cujo desenvolvimento havia sido iniciado em 2D, porém devido a falta de interesse de publishers, passou por uma completa reformulação e mudança de motor, resultando no surgimento de “Simon The Sorcerer 3D”, que seria distribuído pela Hasbro em 2000. Entretanto, a gigante de brinquedos passou por processo de falência na época, resultando na quebra do acordo de distribuição, o que fez com que o game demorasse mais dois anos antes de finalmente ser lançado, em 2002 sob o selo da própria Adventure Soft.

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A história é feita de evidências, e este breve relato já demonstra que as dificuldades no desenvolvimento provavelmente resultariam em consequências negativas no produto final….o que de fato aconteceu. Simon The Sorcerer é tido por muitos, como uma das piores transições 2D para 3D nos Adventures, muito disso atribuído a qualidade gráfica, jogabilidade truncada e quantidade considerável de bugs que impedem o andamento da aventura….mas será que o game é tão ruim assim? Vamos aos pontos:

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A questão gráfica realmente é um dos pontos baixos do game, enquanto os dois primeiros títulos da série apresentavam cenários e personagens extremamente bem desenhados, o terceiro título apresenta personagens com contornos quadrados, além de cenários vastos e despovoados, algo muito comum nos primeiros games em 3d, entretanto, injustificável no ano em que o game fora lançado.

A jogabilidade abriu mão do uso do mouse (utilizado apenas na navegação pelo inventário), deixando a movimentação no estilo tank (à la Resident Evil), onde o personagem gira sob o próprio eixo para então se deslocar na direção para a qual está virado. Tal mudança se torna um pouco incomoda, uma vez que é necessário andar muito (mas muito mesmo) para se deslocar nos vastos ambientes (o que depois é um pouco amenizado com o uso de cabines telefônicas para tele transporte).

Entretanto, a parte mais criticada reside na alta quantidade de bugs….as primeiras versões do game (posteriormente foram desenvolvidos patches que amenizaram o problema) apresentavam erros que travavam o jogo, perdendo parte do progresso não salvo, além de problemas com a câmera e erros de colisão entre personagem e cenário.

Passada tempestade de pontos negativos, vamos aos elementos positivos do game:

A parte sonora não compromete, as músicas não são tão épicas quanto o primeiro título, porém são bem construídas e aplicáveis à ambientação, a dublagem é ótima.

História e narrativa são os principais trunfos do título…dando continuidade aos eventos do segundo game,  o mago Calypso consegue reunir a alma e o corpo de Simon, e este parte em busca de uma forma para retornar para o sua realidade, entretanto, se depara novamente com os planos de dominação universal do vilão Sordid. O game conta ainda, com o retorno de personagens clássicos como  Swampling, Goldilocks, Runt e os demônios Gerard e Max,  além de outros novos, igualmente interessantes como Coneman o bárbaro, o Príncipe Valente  e Melissa Leg. 

Eventos insanos, alusão à cultura Nerd, quebra da quarta parede (muito falada hoje em dia após filmes como Deadpool), diálogos sarcásticos e ácidos (principalmente vindos de Simon) permeados por piadas realmente engraçadas, fazem com que aqueles que conseguirem superar os pontos negativos citados anteriormente, desfrutem de uma aventura sem igual.

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Curiosidades:

  • Um grupo de fãs iniciou um projeto para adaptação do game para 2D, confira abaixo o trailer ou clique aqui para o download da demo (infelizmente o projeto nunca foi concluído).

  • !!!SPOILER!!! O puzzle final do game, um dos mais criativos que já vi,exige que o jogador pressione o botão Eject do drive de CD no seu computador, de modo que o mesmo ocorra no computador presente no game. Isso entretanto, não funciona na versão do game lançada pela loja GOG, pois como o game é emulado, não consegue reproduzir tal ação, impedindo que seja possível concluir a aventura.

 

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